Por Amanda Marconi

Com a presença de convidados recifenses, que representam instituições e Nações de Maracatu Pernambucanas, além do Maracatu Quiloa (Santos) e diversos grupos do gênero, ocorre no próximo dia 19, no Teatro Guarany, a partir das 19h, um grande encontro cultural. A iniciativa é gratuita, aberta a todos os interessados e visa exaltar o ritmo recifense, tão tradicional e propagado dentro e fora do Brasil.

A abertura contará com a presença dos participantes: Maria da Quixaba (Yalorixá da Casa ‘Ylé Axé Oxum Deym’ e líder do conjunto de coco Mazuca da Quixaba), Mestra Joana (da Nação Encanto do Pina) e Mestre Shacon Viana (da Nação Porto Rico). Os três convidados farão um bate-papo com o público sobre suas experiências e lideranças dentro do Maracatu.

Na sequência, haverá apresentações com integrantes do grupo Quiloa; da Nação Encanto do Pina e da Nação Porto Rico. Para finalizar, acontece o ‘baque de encerramento’, com a participação de vários conjuntos, convidados e representantes. A entrada é franca. O Teatro Guarany fica na Praça dos Andradas, 100 – Centro

Currículos dos Participantes:

Dona Maria de Quixaba

Nasceu no Município pernambucano de Barreiros em 1937. Com o falecimento dos pais, ainda adolescente, foi para Recife morar com uma tia e lá conheceu o Terreiro de Dona Maria de Sônia. Após o falecimento dessa tia, passou então a morar no Terreiro e Dona Sônia terminou de lhe criar, e a iniciou no Candomblé. Na mesma época foi iniciada pelo Babalorixá Eudes Chagas.

Casou, teve filhos, e seguiu sua vida no bairro de Ibura, onde fundou seu Terreiro e continuou suas atividades religiosas. Também morou vários anos na Ilha de Deus (Imbiribeira), onde passou a ser conhecida como Mãe Maria de Quixaba. A Quixaba é uma planta medicinal muito usada nos Terreiros de Candomblé.

Ao longo de décadas desenvolve ações sócio-culturais e de manutenção da tradição afro-ameríndia. É considerada líder espiritual, tendo muitos seguidores e admiradores, além de ser reconhecida por sua coragem, garra, ciência na Jurema e no Candomblé. De volta ao bairro do Pina, reabriu o ‘Ylé Axé Oxum Deym’, onde hoje é a sede da Nação do Maracatu Encanto do Pina e do Grupo Mazuca da Quixaba.

O Maracatu Encanto do Pina vem fazendo sua historia ano a ano, passo a passo. No espaço do Ylé se desenvolvem oficinas de percussão, dança, capoeira, confecção de instrumentos musicais para jovens, adultos e crianças. A idéia é transmitir aos jovens elementos rítmicos e danças, formando assim novos multiplicadores de conhecimentos.

Dona Maria também vem liderando o Grupo Mazuca da Quixaba. A Mazuca é uma tradicional dança folclórica, com rimas envolventes e batidas rítmicas nos pés para acompanhar a poesia, quase como uma manifestação dos Pretos do Gongo.

A tradição religiosa familiar de Dona Maria de Quixaba está sendo mantida nas interpretações de seus descendentes, que integram o Mazuca da Quixaba.

Mestra Joana

Joana D’arc da Silva Cavalcante nasceu no Recife, PE, cresceu no bairro do Pina, sobre as palafitas, na comunidade do Bode. Neta da Yalorixá Dona Maria de Quixaba, morou desde criança até a adolescência no terreiro de sua avó, o ‘Ylé Axé Oxum Deym’, uma das mais antigas Casas de Santo do Bairro do Pina, na qual sempre esteve presente em atividades religiosas e culturais desenvolvidas dentro do Ylê.

Ela é a primeira e única mulher a ser Mestre de uma Nação de Maracatu de Baque Virado, a Nação Encanto do Pina, na qual está à frente desde 2009, quando foi Campeã do Carnaval no ‘Grupo I’. Joana também coordena o Grupo de Maracatu “Baque Mulher”, composto somente por mulheres, além de cantar no grupo de coco, ‘Mazuca da Quixaba’, que resgata e mantém a cultura dos cocos de terreiro dos mestres da Jurema Sagrada, herança forte da comunidade do Bode. A Mestra também acumula o cargo de ‘diretora de batuque’ da Nação de Maracatu Porto Rico.

Mestre Shacon Viana

Filho da Yalorixá Dona Elda Viana (Sacerdotisa do Ylê Oxossi Guangobira) e Rainha do Maracatu Nação Porto Rico, Shacon Viana esteve presente nas atividades religiosas e culturais da Nação desde criança, aprendendo os cantos e os toques com os ogãs experientes, especialmente o Mestre Jaime e o Mestre Peixe Frito.

Mestre da Nação Porto Rico, Shacon resgatou os atabaques para o Maracatu e ampliou a quantidade de batuqueiros para 180 (nos anos 90 eram aproximadamente 20 pessoas).

Compositor, produtor musical e cultural, ao longo de sua carreira ele participou da gravação de dvd´s; especiais para a TV, e realizou oficinas pelo Brasil (Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Santos, Campinas entre outros lugares), e exterior, como Europa e Estados Unidos.

O Mestre já trabalhou com grandes nomes da música, como Naná Vasconcelos e Maria Bethania. A Nação Porto Rico que comanda é a atual Campeã do Carnaval do Recife e já repetiu esse feito por 9 vezes. Shacon, atualmente cursa especialização em Religião de Matrizes Africanas na UNICAPE. Além disso, ele desenvolve um trabalho com a comunidade do Pina e no grande Recife, que vem se espalhando pelo mundo todo.